terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Mark Knopfler, o "errado" que deu certo - Parte 3

Isso é hora, Arthur....

É sim...! E segue o mundo...

[guitarrinha nova]
De guitarra nova e um pouco mais disposto a se divertir, o Sr. Knopfler inicia seu processo de "renascimento". Mas como ele é um cara meio devagar, ele primeiro resolve tocar uns 'coverzinhos' aqui e ali.

Nessa brincadeirinha, um projeto que nasceria em meados de 1986/1987 vem à tona. Juntando velhos amigos e parceiros como Steve Phillips e Bredan Cocker, esses três 'British Cowboys' resolvem eternizar essa 'Festa de Peão' fundando uma bandinha chamada 'The Notting Hillbillies'. Essa bandinha legal começa com um punhado de 'cover songs', alguns showzinhos e finalmente lançam um disco bem bacana e caipira chamado 'Missing... Presumed Having a Good Time'. 

Esse disco tem 3 músicas autorais, uma logicamente cada um composta por cada um dos 'British Cowboys'. 

Em termos guitarrísticos, não tem nada de novidade. O diferente é a questão filosófica. Mark Knopfler, que sempre foi o 'frontman' de tudo o que fez, assume o posto de 'membro de banda', o que o deixa em uma posição confortável pra tocar, mesmo não sendo a 'voz principal' da banda. Sobre os timbres, o que se nota nesse disco é o timbre de 'drive' da Pensa Suhr que outrora não estava tão afiado, mas agora começa a tomar a forma que irá se conhecer no próximo disco dos Straits.

Guitarra!? ...Check it out!

[Like Albert King]

Não é boquinha não!
Nessa Brincadeirinha ai, o timbre dele está bem diferente do habitual. O antes cristalino e com pouco drive, agora vem carregado de overdrive, que aliados a esses EMGs, dão um timbre todo especial!

Lógico que hoje esses timbres de captadores ativos estão meio fora de moda, mas na época isso era o cume da timbrologia guitarrística!







Mas vamos ao Disco...!
 

[Notting Hillbillies]
Em resumo, 'Missing... Presumed Having a Good Time' é uma mutreta bem organizada. Toda a cozinha foi feita no teclado pelo Strait' Guy Fletcher, os violões, guitarras e a sensacional 'Pedal Steel Guitar' de Paul Franklin, que seria determinante na sonoridade dos Straits, foram gravados depois. E pra completar a mutreta, a maioria das músicas são Tradicionais, isto é, de autoria desconhecida, que anula o pagamento dos direitos autorais.




Eu quero é mais guitarra...


Tá bom....! Nesse disco foram usados esses 4 dobros aí da foto, mais uns violões contruídos pelo Steve Phillips (1º da foto), uma Gibson L6 (ou seria uma Super 400?), Schecter Telecaster e a famigerada Pensa Suhr!

[Your Own Sweet Way]
Outra pérola desse disco é a Jazzy 'Your Own Sweet Way'. Essa 'charmosura' (Hoje meu português está impecável) é muito bacana de escutar. O som da guitarra é legal, caps ativos e tudo, mas é um pouco cansado de ouvir hoje. Mesmo assim, aí está! Ora pois!


Pra que tiver interesse em se tornar caipira, segue o link do disco.
Album aqui! 



E tome caipirice...

[Yaahooo]
Lógico que o moço aí (Esse não!) não poderia perder a oportunidade de virar um cowboy completo e, sem rodeios (hoje estou impecável), se "muda" pra Nashville, mais precisamente pra casa do real 'Mr.Guitar', o grandioso Chet Atkins!

Obviamente, Chet sempre foi uma grande inspiração para o Sr. Knopfler. Os dois já se conheciam e rolava uma participaçãozinha aqui e ali. Inclusive em um dos shows pra TV de Chet Atkins, Mark é um dos convidados que mais aparece. Sendo um dos pontos altos desse 'show' uma versão para 'Ill See You In My Dreams' de  Isham Jones / Gus Kahn 

Bacana, né? Ora, claro que sim! Queria eu ter a chance de tocar 10 segundos com o Chet, quicá uma música, e um disco... Nossa, nem penso nisso.

Chet Atkins era um cara muito bacana, divertido e tomador de café. Dizem que ele chamou o Sr. Knopfler para essa parceria, pois além de Mark ser gente boa e tomador de chá, também tocava 'fingerstyle' assim como o próprio 'Mr. Guitar'.

Novamente, em se tratando de guitarras, nada de novo. Por sinal, é mais ou menos a mesma mutreta do NHB, isto é, tudo feito no teclado e os 'Caipiras' gravando depois.

[Neck and Neck]

 Na verdade, quem dá um 'côro' aqui é o 'Velho Chet'. A 'caipiragem' está no sangue do velhinho e o nosso 'Rocker Favorito' faz um pouco da sua graça.

No mais, Sr. Knopfler leva uma Pensa Suhr emprestada pelo Josh Suhr e um Violão Steve Phillips.

Nada de novo, aliás, o oposto! Só tem músicas 'Country Roots'

E haja cigarrinho de palha!


Bom, depois de brincar de fazendinha, tava na hora de sentar no ônibus e voltar pra....


Pérérumrumré-tumrérumrérérum-terérumtérerum-pérererum... Tchééén!

Deu o carái! Na verdade isso aí é o lick de 'Calling Elvis'!!! Esse 'lickão' aí, mudou toda a timbragem do Sr. Knopfler até o momento.


Agora sim...! Chega de fru-fru e bota som ai!


Lógico! Nem eu aguentava mais! E nem ele, eu acho.

[Dire Puppets]
Então, Após esse hiato, O Sr. Knopfler reúne os bons velhos/novos Straits para gravar mais um disco. Novamente, Mark e sua turma chamam uma penca de bateristas pra gravar o novo disco e pra manter viva a lembrança da 'Caipirice', ele chama o incrível Paul Franklin (Esse mesmo! O do Pedal Steel) para compor a banda.

Pronto! Esse cara passa a dividir os solos com o Sr. Knopfler e sua Pensa, e cá entre nós, esse branquelo do Mullet Grande quebra tudo!!!

A timbragem desse disco é espetacular, as guitarras do Sr. Knopfler estão impecáveis e as válvulas do Soldano SLO de 200W estão fervendo até hoje!

Antes das gravações começarem, o Sr. Knopfler escolheu a dedo suas melhores e mais modernas guitarras que dispunha na sua humilde casa.

[As meninas da turnê! Não do disco]


Violões:
Godin L.R. Baggs Tele
Ramirez
Dobro National Style O

Guitarras:
Pensa Suhr MK1
Pensa de Compensado
Schecter Tele
Schecter Strato
Fender/Suhr Strato
Gibson S400 (fora da foto)


No Disco ainda entram um violão Guild  e a Gibson Les Paul Reissue Cherryburst de 1984.

O timbre das guitarras, principalmente a Pensa, está carregada de drive como nunca visto ou ouvido antes na vida do Sr. Knopfler. Um dos baratos dessa fase 'overdriven' do Sir Mark, é que ele está com um fraseado bem econômico e com um bom gosto fora do normal. Eu acho essa fase entre 1991 até 1993 como uma das melhores dele. Fraseado elegante, timbre fantástico e quando se menos espera, ele faz um vruuuum e mete aquela frase, que como diria o Rei, a 200 quilômetros por hora!

A gente pode ouvir esse puta timbre em 'Calling Elvis', 'Heavy Fuel' na incrível 'Planet of New Orleans' e na capirirosa 'How Long'

Então, simbora ouvir essa parada!

[On Every Street]
SETLIST:

01 - Calling Elvis
02 - On Every Street
03 - When It Comes To You

04 - Fade To Back
05 - The Bug
06 - You And Your Friend
07 - Heavy Fuel
08 - Iron Hand
09 - Ticket To Heaven
10 - My Parties
11 - Planet Of New Orleans
12 - How Long




[Fade to Black Live]
Um dos timbres mais foda desse disco é no Jazz/Blues 'Fade to Black'. Nessa aí, ele bota quente na sua Super 400, ao vivo então, nem se fala! Escutem! Aqui mal tem uma penta, é só sofisticação e fraseado Jazz de primeira!

Tem uma pulga atrás da orelha que sempre me diz que boa parte desse timbre de drive usado com a Pensa vem aliado a um Wah em uma posição fixa, suficiente pra fazer somente, como diz o meu grande amigo e puta guitarrista Marquinhos Uchoa, o 'som de ó'
Acredito que sim, pois o Sr. Knopfler usava um rack de efeitos Zoom 9010! Isso mesmo... ZOOM!

Existe uma foto tirada pelo Guitar Tech da banda Ron Eve na época da turnê desse disco que sintetiza bem a complexidade dos timbres do Sr. Knopfler para cada música. Aqui tem de tudo, equalização, nível dos efeitos, e qualquer treco que se usasse no timbre das guitarras.

[Detalhes tão pequenos....]

Legal né? Também acho!


Agora vamos ver isso aí na prática!

[On The Night]
Não sei até que ponto foi o clima de despedida, já que o Dire Straits acabava aqui, ou se os shows eram realmente bons e vendáveis. Só sei que saiu um disco ao vivo muito bom. E aqui dá pra ouvir bem o timbre Super Rock do Sr. Knopfler fervendo na orelha!



Pra quem só quer saber de Dire Straits, pode parar por aqui!


Bom, depois de 20 anos de correria, o Sr. Knopfler quis se aquietar e resolve seguir carreira solo, o que daria no mesmo, já que 99,99% das músicas dos Straits dão dele, mas não. A partir de agora, chega de músicas extremamente radiofônicas, agora é hora de afinar as Gaitas Escocesas e subir nas montanhas, pois a direção musical será outra!

Mas ele continua afiado na carreira solo...?

Sim, sim! E continua bom demais, mas de uma maneira diferente.


Então da-lhe!

Ok! Logo após o fim da banda, o Sr.Knopfler aproveita pra tocar com os parceiros do Hillbillies e fazer pequenos shows. Isso porque sua cabeça já estava focada no disco novo, que agora levaria somente seu nome.

Acontece que, Após tirar suas Pensas novamente de casa, gravar mais umas 10 músicas, mixar, finalizar o disco e enviar para a prensagem, O Sr. Knopfler manda parar tudo. Ele percebeu que muita coisa não iria mudar com seu disco solo, os timbres eram os mesmos, as guitarras eram as mesmas, tudo era quase a mesma coisa. Faltava uma nova 'Menina dos Olhos', uma menina que trouxesse a inspiração rejuvenescida

E ela veio. Entra em cena a mocinha responsável, ao menos pra mim, o 'Timbre Knopfler Sec. 21'. Ela, a Gibson Les Paul 1958 Original!


[Ela é a fera]
Tudo muda a partir dela. Bicho, o timbre que ele tira dessa LP está, indiscutivelmente, no meu top 3 timbres de Les Paul!


Com ela, o fraseado do 'homi' fica vigoroso, gordo e macio. Acho que a LP 58 combina muito mais com ele hoje do que a Stratocaster.



Mas a Les Paul, junto com a carreira solo do nosso, ao menos meu, mestre fica pro próximo post.


Na parte 4 e FINAL do universo guitarrístico do Sr. Knopfler fica ainda pra essa semana! Nele vou falar um pouco sobre seu timbre totalmente 'avintajado' (Hoje estou de matar!) e seu sossego/desencano em relação as guitarras elétricas!


Abraço e até logo!


Vai timbora...!



Fui!



 

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