terça-feira, 24 de maio de 2016

Tagima TLP Flamed - Vale a pena?

Povo bacana que gosta de guitarra barata,

Eu sei que não ando o melhor 'postador' da última década, mas estou tentando voltar à velha forma. Sei que já disse isso, mas vou continuar me enganando...


Recentemente passei por algumas aquisições de guitarras e pedais, mudanças de timbre, etc.
Me perdi, me achei, me perdi de novo, mas nessa busca, eu estava certo de que queria uma Les Paul.


Sempre gostei de Les Pauls, mas nunca consegui achar uma, que não fosse Gibson, que realmente se encaixasse comigo. A coisa mais próxima disso foi com uma 'Epiphone SG G400 Pro' que eu ainda estou de posse, mas não vem ao caso agora.


Foi então que pintou uma dessas Tagimas TLP naquelas pechinchas de Olx. Pesquisei, pesquisei, pesquisei mais um pouco e vi trocentos vídeos cheio de distorções da molecada do YT.

Uma nota pessoal:
Galera que faz vídeo de demonstração/teste de guitarras, por favor, para um determinado tipo de guitarra, usem menos drive e deixem o som da guitarra aparecer. Não usem Delay, pois como diz meu amigo Vander Pinesso: -Até Strimberg soa bem com delay.


Depois, dei uma sacada no site da Tagima e fiz careta para as especificações.

BRAÇO / Mahogany, colado no corpo com frisos em marfim CORPO / Mahogany, frisos em marfim
TAMPO / Flamed Maple Escavado (carved top)
ESCALA / Rosewood, inlays trapezoidais e frisos em marfim, trastes médio jumbo
NUT (CAPO TRASTE) / osso
MEDIDA / 43mm
CAPTADORES / 2 Humbuckers com cover de metal
CONTROLES / Chave de 3 posições, 2 controles de volume, 2 de tonalidade
PONTE / Fixa estilo Tune-o-matic cromada
TARRAXAS / Cromadas e blindadas
CORES / Transparent Amber, Transparent Red, Cherry Sunburst
ESCUDO / Creme


Fiz careta porque logo me lembrei do caso do Paulo May com sua 'Tagima Alder Paliteiro de Lenha', mas como diria o Juiz Moro: 
- Isso não vem ao caso.

Desfiz a careta e pensei: Se a Tagima está entregando realmente uma guitarra com essas especificações, basta dar uma tunada nela pra ela se tornar uma Les Paul com uma boa dose de dignidade. 
E era isso que eu queria!


Foi então que fiz aquela proposta indecente pro vendedor... e ele aceitou! Peguei a guitarra nas cegas. A guitarra estava completamente nova, a não ser por uma batidinha no headstock, mas tudo bem.
Olhei o braço, girei os pots, testei as tarraxas e levei a guita pra casa.


Já em casa, olhei a guitarra com mais detalhes, e a guitarra se reapresentou mesmo muito bonita. Acabamento bacana, frisos legais, braço gordo (vintage), trastes novos, ferragens fracas mas de bom gosto e o mais legal, um lindo headstock.

O próximo passo, logicamente seria a regulagem. 

Então, de posse de um encordoamento 0.11, algumas ferramentas e certo de que precisaria de uma boa dose de paciência, tratei logo de meter a mão na massa.




E é aí que mora o perigo...



1º Drama: Nut solto

Logo no arrancar das cordas velhas... Puf, o nut saiu voando
Acho que colaram com aquelas colas de tubinho que a gente usava pra colar recorte no caderno da escola.
Quando recoloquei, usei as cordas velhas pra medir a altura do nut... E estava muito, mas muito alto.

Bom, se a peça é de osso, lixar não vai dar muito trabalho. Lixei e até agora não sei se é Tutela ou Plástico. Como não tive aula de anatomia na escola (graças a Deus), não sei se posso dar ponto negativo nesse quesito. 
Mas eu acho que é plástico.


2º Drama: Ponte

Cordas trocadas, nut regulado, chegou a hora de regular a altura das cordas. 
Comecei a ajustar e logo sai o primeiro report.
Mizinha: OK
Mizão: OK
Sol: Trastejando demais.
Ré: Impossível!

Nova tentativa. Aumento a ação pra deixar as cordas do meio numa altura satisfatória.
Então, segue o segundo report.
Sol: OK
Ré: OK
Mizinha: Alta pra kct.
Mizão: Botei minha cabeça entre a corda e o braço!


Raios! Como pode isso? Pensei com a cabeça já fervendo. 
Já atirei meu dinheiro fora!
Vou afinar a guitarra e tocar uns acordes pra ver.

Apertei as cordas, afinei, pluguei a guitarra e o som que saia do amplificador era inacreditável. Inacreditavelmente apagado!
A guitarra não tinha vida. Eu sei que os captadores não ajudam muito, mas mesmo desplugada a guitarra estava com o timbre completamente 'afofado'. E ainda por cima era um inferno de tocar.

Parei, esfriei a cabeça, peguei no telefone pronto pra desfazer o negócio, olhei pra guitarra e percebi que o problema estava todo na ponte.

Como tenho algumas peças de uma Golden Les Paul dos anos 80 aqui em casa, peguei a ponte da Tagima e fiz uma comparação com a ponte da Golden.

Reparem na imagem abaixo:



Repararam que o raio dos carrinhos da ponte Golden é menor, isto é, mais arqueado? Pois é.
O raio da escala da Tagima é totalmente diferente do raio da ponte.
É como se o raio do braço fosse no padrão Gibson de 12" e a ponte fosse 16".
Bom, isso resolveria meu problema de altura das cordas, certo? pois as cordas acompanhariam o raio da escala da guitarra. Excelente!

Problema é que a ponte da Golden, mesmo no padrão da Tagima, não encaixaria por causa da espessura da furação da ponte.

Olhei pra minha SG e pensei: - Tomara que a ponte dessa moça seja no padrão da Tagima.

E era! Ainda bem!


[Ponte Epiphone Encaixada]


Ponte trocada, fui comecei a regular as cordas e saiu o terceiro report.
Mizinha: OK
Mizona: OK
Sol: OK
Ré: OK

Quase perfeito! As cordas estavam com uma ação satisfatória, um leve fret-buzz aqui e outro ali mas estava bom.




Durante o processo de regulagem, mesmo desplugada, o timbre da guitarra estava vivo. Incrível! Parecia outra guitarra. A vibração das cordas estava mais áspera, aquele lance tight estava ali, e tudo isso graças a ponte Epiphone recém instalada. Maravilha!

A única coisa que me deixou com medo foi o momento de regular as oitavas. A Ré quase não afina. O carrinho da ponte chegou no limite da peça. A corda, por causa da posição do carrinho, ficou um tiquinho mais alta que as demais, mas o que importa é que afinou.

E afinou mesmo! A guitarra ficou muito bem afinada.
Toquei vários acordes ao longo do braço e fiquei muito satisfeito com a entonação. Maravilha x2!



Depois dessa etapa pensei: Caramba, parece que o pessoal da Tagima não toca nos instrumentos que fabricam. Só por causa de uma troca de ponte, e olha que nem é 'A Ponte', a guitarra saiu da água pro vinho.



Sendo assim, vamos plugar.



Pluguei e... cadê o som!?







3º Drama: Chave dos Captadores


Cadê o som? Cadê o som? A chave sai do lugar, gira pra tudo quanto é lado, fica de lado, sai som, não sai... Parei!

Abri o compartimento da chave pra olhar notei que essa abençoada e é a coisa mais vagabunda que já vi na vida. Negócio soldado de qualquer jeito. A chave não tem fixação nenhuma no corpo.

Desfiz as soldas, soldei novamente, passei 'limpa contato' na parte interna e a criança voltou a sorrir, meio desdentada mas voltou. 
Eu sei que vou trocar a chave, mas por enquanto, nessa crise, vou me aventurar mais uns dias com ela.


Lembram daquela história que o Habbib's aumentou sua margem de lucro só porque tirou uma azeitona da cada pizza vendida? Pois é, essas empresas de instrumentos 'populares' fazem de seus componentes eletrônicos suas azeitonas.



Então, vamos ao veredicto parcial.



A guitarra do jeito que chegou era muito fraca. Bonita, bem acabada, mas muito fraca. O lance com a ponte é realmente irritante, a chave dos captadores idem e os captadores são bem fracos e não possuem lá muita definição nas notas, sendo que o captador do braço é melhor que o da ponte.

Ponto positivo é que, como já dito, é bem acabada, bonita, pra quem gosta de uma guitarra mais pesada, que é o meu caso, é um prato cheio, mas o ponto positivo mesmo é que é uma guitarra muito macia. Mesmo com cordas 0.11, a guitarra está muito confortável pra tocar. Estou seriamente pensando em colocar 0.12 pra ela ficar mais durinha.



O que fazer agora?


Próximo passo, após levantar uma graninha, será a imediata substituição da chave, pots e captadores.


Para os captadores, estou entre um set dos LDR Classic Gold em Alnico II  ou um set White Steel/Stoner Blues de saída mais alta.



Vale a pena comprar uma Tagima TLP?


Nova de loja? Não!
Não vale a pena pagar R$1.600,00 numa guitarra dessas já sabendo, logo de cara, que terás que gastar uns R$800,00 reais extra de captação, ponte, pots... 
Com R$2500,00 dá pra comprar muita guitarra usada boa.


E usada? SIM!
Se você conseguir comprar uma dessas por um valor entre R$700,00 e R$800,00, vale a pena.
Depois de aplicadas as benfeitorias, você vai ter uma bela Les Paul custo-benefício.
Isso porque, com aproximadamente R$1500,00, uma guitarra toda bacana com case e captação boa vai ser muito difícil de encontrar.



Por fim, as Tagimas TLP Flamed são 'Guitarras com Potencial' ou 'Guitarra pra Investir' em melhorias.

Se forem fazer isso, por favor guardem as peças originais, pra que, caso passem a guitarra pra frente, desfaçam as benfeitorias e usem os goodies em outra guitarra. Porque, sinceramente, essas benfeitorias não vão agregar valor ao instrumento.



E os Samples? Isso vem ao caso?

Bem, é o seguinte... Vem ao caso sim.
Só estou esperando entrar uma graninha para gravar os timbres mostrando o antes e o depois das benfeitorias.

Só Não vou gravar o timbre usando as 2 pontes. Essas vocês vão ter que acreditar que a troca da ponte foi a melhor coisa que aconteceu pra essa guitarra.


Isso fica pro próximo post. 
Prometo!





abraço a todos,
Arthur